Thursday, January 10, 2008




torres de marfim







líqüidos desejos diluem gris de cor
por entre dedos e tocam o infinito
e trás de mim envelhece-me um rito
gritos de imagens e dor
torres de água a babel dos teus olhos fito
anjos de pedra a flor da pele marfim
sonhos que me beijam azul em mim
gritos de imagens e flor
centauros alados sentados esculpem
mulheres de barro cavalos e crinas
retorcidas a ferro e fogo e cismas
gritos de imagens e horror
gritos de imagens
esperando
gritos de imagens
e
amor.

Tuesday, October 30, 2007



teu silêncio



quero teus olhos nus sobre meu corpo amanhã
feito água caindo sobre as telhas do passado
brisa e tatuagem posta no horizonte já dado
que passe por mim
que me agrida - arranhe!

quero teu corpo nu,
tua boca de silêncio
sou teu bicho noturno antemanhã sem mim

porque te amo,
te odeio e te procuro assim:

aos cacos caiam
ao caos

problemasilfos

porque quero teus sonhos de queda e pássaro
porque rastejo sem fim oculto na lua
porque me deixo,
seqüestro-me e sou tua

quero tua fama por de baixo das pedras
sou teu grito de silêncio
tua rosa sem Hera.

Sunday, November 05, 2006

Messejana






inefáveis lágrimas de gravuras choram
na parede do meu quarto universo
repouso de criança gritos que afloram

ao longe canto meu quintal em verso
posso ser em mim noite e vento e sonho
página aberta ou um mundo por dentro

sol sobre sol minha casa eu componho
no espelho o jardim, na solitude me encontro
estrela é o mergulho do pássaro condor

poema sem pouso bálsamo e aconchego
objetos de tudo gole de café e amor

estátua de água navio de sossego.

Sunday, October 22, 2006








biblioteca de amor





minha biblioteca de sentimentos e pedra
intactas palavras, versos, inverso de mim
trôpego sou entre vírgula cheiro à jasmim
cavalgo em prateleiras cavalos e quimera

quixotes de desespero ingénua mágoa
roterdãs de loucura sôfrega alegria
existência sem mim por mim alquimia
de nós dois se explica pétala de água

e quase nada teu rosto de areia e sudário
amálgama de camões cegueira e febre
partícuas de mim a vida é uma lebre

que corre no rio da fé a Ghita do meu diário
golpeia-me a maçã tempo partido
nos olhos de quem me vê meu sonho ido.